Exposição Postura de Artista

De 20/5 a 1/7/23


Com Ana Paula Oliveira, Olavo Tenório, Rosane Viegas e Rubens Zaccharias Jr.

Curadoria Ricardo Ramalho

Casa Tamarindo - Rua Major Diogo 1294, Paraiso, São Paulo, SP

Texto da exposição: 

A postura de artista distingue os artistas das demais profissões e distingue os artistas entre seus pares. Nesta coletiva temos artistas obstinados que são uma referência de engajamento profissional, pela produtividade, reconhecimento, seriedade e ternura. A ternura é aquele carisma para a interlocução em alto astral, neste sentido são queridos, não fazem parte da categoria de artistas bravos, embora sejam exigentes. Ja a seriedade se observa na coerência e qualidade dos conceitos empregados em suas obras. O reconhecimento se verifica de forma simples: observando seus currículos de exposições. E por fim a produtividade, como dizia o meu pai “nada detém o trabalho”, são bastante competitivos na pressão que exercem sobre o mercado de arte, com um ritmo de produção e exposições. A arte contemporânea é um ambiente de fato competitivo e estes artistas estão correndo na linha de frente. Não é fácil se equiparar a essas atuações.


Ana Paula Oliveira apresenta suas obras desconcertantes pela agressividade no uso de materiais brutos, são trabalhos que requerem coragem para expor, e coragem para apreciar. São assemblages de materiais com detalhes singelos criando um contraste entre o rústico e o erudito, o industrial e o manipulado. É um trabalho radical que abre alas para a linguagem da arte. Joseph Beuys é a referência mais próxima.


Olavo Tenório tem um trabalho de concepção oposta, muito calculado, preciso e lapidado, em composições concretistas onde sugere a ludicidade. Como também é designer de objetos utilitários e mobiliários, seu trabalho fica na fronteira da linguagem do design e da arte contemporânea. Podemos dizer que ele é uma mistura de Sergio Camargo e irmãos Campana.

Rosane Viegas produz esculturas que tendem para o barroco futurista, com um certo aspecto monumental, sob influência de Umberto Boccioni. Realizadas em bronze, algo muito raro hoje em dia. Também mostra xilogravuras, que produz de forma ininterrupta, onde traduz suas observações sobre a natureza e a arquitetura urbana, com linhas francas e expressividade ousada. Seu ateliê é um polo de xilogravura nos moldes do Atelie Piratininga.


Rubens Zaccharias Jr é um pintor contumaz de paisagens, com estilo minimalista e um toque naturalista, fiel ao tema dos horizontes de mares como Mariannita Luzzati, só que em tratamento mais cristalino. Certas composições lembram as pinceladas complexas de William Turner e noutras a luz lembra Edward Hopper.


A exposição inaugura o novo espaço de galeria da Casa Tamarindo, que promove programas de arte, aulas e residência artística desde 2016. Agradeço aos artistas e à Casa Tamarindo pela confiança e liberdade proporcionada para a realização desta mostra.


Ricardo Ramalho
curador

São Paulo